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EFEITOS DA RESTRIÇÃO ALIMENTAR NA ANSIEDADE

A ansiedade alimentar envolve um tema que precisa ser mencionado e tratado, não só individualmente como também no âmbito social: o tema das dietas restritivas.





Restringir alimentos ou grupos alimentares, para a esmagadora maioria das pessoas gera: 1) Mais ansiedade; 2) Impulsividade; 3) Compulsão; e 4) possíveis transtornos de condutas alimentares.


Vou escrever aqui sobre consequências da privação em dois aspectos: o psíquico e o físico.


Psiquicamente, ao colocar a regra de que não posso comer determinado alimento e me privar dele, imediatamente eu crio uma atração irresistível por esse mesmo alimento. Uma urgência. Do ponto de vista emocional, isso tem o mesmo efeito do “amor proibido” do tipo Romeu e Julieta. É a sensação de “só serei feliz se obtiver aquilo”. No caso da comida é: só ficarei SACIADA se eu comer aquilo. E, um desejo que não pode ser realizado, só cresce, porque tem uma idealização oculta no seu âmago. Eu quero meu objeto de desejo porque ele é especial, ele é o máximo, ele é melhor que tudo no mundo. Aqui o “querer” é tão poderoso que é maior que qualquer coisa. O querer supera o próprio prazer de conseguir. O querer impulsivo é uma força que domina a mente e até a vida da pessoa.


Voltando à analogia do amor proibido de Romeu e Julieta, que termina tragicamente na morte dos dois personagens, a gente percebe o quanto a PRIVAÇÃO pode nos causar dano psíquico, o quanto estamos “morrendo por dentro” quando nos proibimos certas condutas ou certos alimentos. Estamos morrendo porque queremos “matar” determinadas necessidades. Sejam necessidades emocionais ou físicas, quando me privo de algum tipo de alimento, não estou levando em conta o que meu corpo está me pedindo.


Fisicamente falando, se estou deixando de honrar a minha fome, estou simplesmente querendo controlar algo que é orgânico, congênito, irrefreável. Seres humanos (e animais) precisam comer. Precisam tomar água. Precisam urinar e defecar. Precisam respirar. Tudo isso faz parte do simples fato de estar vivo. Por que desenvolvemos a rejeição ao ato de nos alimentar? Por que recusar um ato que é uma necessidade tão básica e primitiva, como a de comer?


Seja a fome ou mesmo a mera vontade de comer algum alimento, são mensagens que meu corpo está me mandando: 1) me falta energia; 2) me faltam nutrientes; ou 3) me falta alguma outra coisa, que está interferindo no meu bom funcionamento integral (físico, mental e emocional). Mas eu ignoro essa mensagem.


Por que será que é tão difícil entender os sinais que nosso corpo nos manda?


Na nossa sociedade, que está doente em muitos aspectos, ser magro significa sucesso, aceitação e felicidade. A cultura das dietas é um sistema de crenças que nos leva a buscar a magreza a todo custo. Então, a busca por dietas e corpos de determinado estilo e forma virou uma obsessão. E, para piorar, se a pessoa não consegue fazer dieta, ainda dizem que é porque ela não tem força de vontade, disciplina, determinação.

Nada mais absurdo. Nem forçar as pessoas a buscar um corpo que elas talvez nunca consigam ter (por diversas razões que não tem nada a ver com força de vontade), e nem acusar as pessoas de ser FRACAS, PREGUIÇOSAS ou NEGLIGENTES porque não conseguem fazer dieta. Temos que entender de uma vez por todas que a força de vontade não é suficiente para conseguir nos fazer resistir eternamente a privações alimentares. As privações são forças muito mais poderosas que a força de vontade. Por quê?


Uma dieta restritiva simplesmente vai contra a natureza humana. O corpo sempre vai entender a restrição como uma ameaça à sua sobrevivência. O corpo não entende que uma pessoa, no meio de um ambiente de fartura, decide privar-se de comer. Para ele, é como se estivesse vivendo em estado de guerra e fome, então ele vai se DEFENDER. No começo, ele não entende bem o que está acontecendo, então a pessoa até emagrece porque está comendo menor quantidade de alimentos/calorias. Mas quando o corpo entende a privação prolongada de comida, ele vai começar a armazenar gordura e desacelerar o metabolismo (deixa de queimar calorias para economizar energia), e a pessoa já não emagrece e vem uma vontade incontrolável de comer.


Pensem em um bebê que está chorando de fome. Ele vai parar de ter fome se não lhe derem leite? Não, ele vai chorar mais e mais e mais! Ele não vai parar até conseguir o alimento. Por que com os adultos seria diferente? Será que se eu me disser: a partir de hoje nunca mais vou comer, a fome vai passar? Obvio que não. Meu instinto de sobrevivência vai ser maior que tudo.


E se eu decidisse parar de comer algum tipo de alimento, será que o desejo por esse alimento vai passar? Pode ser que eu consiga por alguns dias ou até meses, mas eu sempre vou ter aquilo em mente, o objeto do meu desejo. E mais que isso: se eu pudesse comer aquele alimento específico do qual me privei, resolveria minha ansiedade e todos os problemas da minha vida. E então, no momento em que eu não aguentar mais essa privação, vou comer esse alimento até me entupir, até passar mal, até me sentir culpada e cheia de remorso. E no dia seguinte? Será que a vontade vai realmente passar?


Por isso, é importante encontrar outras formas de cuidar da alimentação, que não seja pelo processo de privação.


Entenda duas pequenas grandes coisas: 1) o seu corpo é a máquina mais inteligente do mundo e ele sabe o que precisa. 2) A ansiedade não se aplaca com comida nem com privação de comida (que são dois extremos que nunca vão resolver o problema): a ansiedade se aplaca com mudança de mindset e de estilo de vida.


Descubra a causa-raiz da sua ansiedade. Que, na verdade, nunca é uma coisa só. E pode não ser só por razões “emocionais”. Podem haver razões bioquímicas e hormonais no processo de desenvolvimento da ansiedade, como por exemplo deficiências nutricionais (de vitaminas, proteínas ou minerais) ou desequilíbrios nos hormônios da saciedade e da fome, a leptina e a grelina, respectivamente; pode haver desequilíbrios dos hormônios sexuais, o estrógeno, a progesterona e o testosterona; podem haver razões fisiológicas, como por exemplo um baixo tônus do nervo vago, o nervo que liga o cérebro e o intestino; podem haver situações físico-químicas que geram ansiedade (como por exemplo, um estado de dor, seja aguda ou crônica; ou privação de sono). Existem razões genéticas. Existem razões sócio-econômicas. Existem razões psíquicas também. É um conjunto de coisas, nunca uma só.


É necessário, por isso, entender todo o histórico pessoal, tanto físico como genético, familiar, social e afetivo que leva a estados de ansiedade. É como um quebra-cabeças que temos que ir montando. O que não funciona é se submeter a dietas restritivas. Isso já é mais do que comprovado que não resolve.


Ansiedade não é uma doença, é um sintoma. Se você conseguir entender as múltiplas causas que estão gerando esse sintoma, aí sim você poderá tratar a ansiedade de maneira efetiva.


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