DIFERENCIANDO FOME DE VONTADE DE COMER

A confusão sobre ter fome ou ter alguma emoção que nos leva a comer vem desde que nascemos.

Quando bebês

Quando bebês, nós manifestamos fome ao chorar. Mas os bebês não choram só por fome, choram porque estão cansados, choram porque estão molhados de urina ou sujos de fezes, choram porque querem aconchego e carinho, choram porque alguma coisa está incomodando. E quando choram, o que os adultos (mães, pais, encarregados daquele bebê) fazem? A primeira coisa é oferecer leite, porque a fome é a primeiro “incômodo” que querem “eliminar” da lista de incômodos possíveis. Desde aí, a gente já começa a ficar confundido. Se sou bebê, tenho sono e choro por isso, e meus pais me dão leite, então eu tomo o leite para ver se melhoro, para ver se aquela sensação de sono passa. E aí eu tomei meu leite sem estar com fome. Tomei meu leite para aplacar uma sensação física desagradável, que eu não sei como resolver: o meu sono. Se o bebê quer carinho, ele chora. E os pais sim, vão lá dar carinho, mas também vão lá oferecer leite, porque não sabem distinguir o choro de fome do choro de “quero carinho”.

Percebem que a confusão já vem desde o momento em que nascemos?

Quando Adultos

Quando adultos, se temos alguma sensação física ou emocional de incomodidade, o que fazemos? Comemos! Isso é natural, mas para algumas pessoas ocorre com uma frequência muito grande, quase que diariamente.

Então, vamos diferenciar a fome da simples vontade de comer.

Quais são os sinais de fome?

• sentir o estômago vazio

• escutar barulhos na barriga

• falta de concentração

• sensação de não estar raciocinando muito bem

• depois de um certo tempo, dor de cabeça.

• mau humor

• energia baixa, uma fraqueza

• algumas pessoas podem vir a sentir um leve tremor

• desmaio

• não passa com o tempo, só aumenta

• não está direcionada a um alimento específico, aceitamos qualquer alimento para aplacar a fome

Quais são os sinais de “vontade de comer”?

• Direcionada a um alimento específico

• Passa quando nos distraímos com outras coisas

• Pode passar se tomarmos água, fizermos respiração profunda e diafragmática

• Geralmente está relacionada a alguma emoção, como vontade ou necessidade de relaxar, frustração, medo, alegria, tristeza, excitação, raiva, irritação, tédio etc.

• Pode estar relacionada com a oferta de comida à minha volta, com eventos sociais onde há abundância de comida e com maneira como as pessoas ao meu lado se alimentam

• É sugestionável (ativada pelo olfato, visão, audição)

Para conseguir diferenciar a fome da vontade de comer, tente observar as sensações relacionadas a comida como se fosse outra pessoa assistindo uma cena de filme, como seu fosse uma testemunha, olhando de fora. É aí que você ganha CONSCIÊNCIA e PODER DE DECISÃO sobre comer ou esperar para comer quando você tenha realmente fome. Eu não estou dizendo que você tenha que rejeitar a fome! Ao contrário, quando sentir fome, COMA!!! Honre a sua fome!

E, mesmo quando sentir que o que você tem é apenas vontade de comer e não propriamente fome, há momentos em que você pode e deve comer. Faz parte da nossa condição de seres humanos comer por emoção algumas vezes.

Porém, se você repete esse padrão diariamente ou quase diariamente, e coloca todas as suas emoções (agradáveis ou desagradáveis) na comida, aí você vai comer mais do que realmente precisa e provavelmente não estará na sua forma ideal.

Nesse caso, você tem que trabalhar não na comida, mas nas EMOÇÕES. Por isso, não adianta ter um plano alimentar escrito e “fechado” (vulgo dieta tradicional), com 5 refeições ao dia planejadas e quantidades pré-estabelecidas (restrição alimentar), se você não resolver antes aquilo que está te levando a comer coisas que não vão te fazer bem a longo prazo.